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sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

CAPÍTULO 8 E O INFERNO SE MOVE........

25 de Fevereiro de

 2011


Naquela pequena cidadezinha escondida nas montanhas, em uma de suas ruas principais,se encontra uma construção discreta, porém suntuosa, estilo gótico,provavelmente construida na idade média, que se assemelha muito a uma catedral, com portões em ferro cheios de desenhos e figuras.Nas paredes figuras em pedra e acima do portão principal, se destaca um gárgula, uma escultura de pedra com ar ameaçador, que parece  ser um guardião daquele lugar,conferindo um ar sinistro e fazendo medo aos transeuntes.


As janelas se destacam com vitrais com desenhos discretos também em  estilo gótico e as portas aparecem fechadas hermeticamente, de modo que nada se possa ver do lado de dentro.A vegetação avança pelas paredes em partes da construção, enquanto se veem  homens no pátio, vestidos de maneira sobria, que estão atentos a  tudo que ocorre ao redor.


Os habitantes da cidade já se haviam acostumado com o mistério daquele local, e notavam as vezes visitas de forasteiros ali, mas não se aproximavam, já que os guardas,sempre com o semblante muito serio e fechado,pareciam não gostar de visitas e muito menos de curiosos.


 Alguns moradores porém, murmuravam entre si que as vezes nas madrugadas ouviam gritos, gemidos e risadas assustadoras, mas nenhum se atrevia a se aproximar por receio que algo acontecesse a eles ou suas famílias. Na verdade tinham medo daquele lugar e ficavam o mais distante que pudessem dali.Mas corriam estranhos boatos acerca do mesmo...


Naquele final de tarde gélido e sombrio, uma carruagem pára diante do portão principal daquela estranha construção e no interior da mesma se vê  a figura do senador Raymond,acompanhado pelos seus criados.Com um gesto ordena que se abram os portões e a carruagem entra no pátio principal,enquanto os guardas fazem acenos ao senador de forma ritual, enquanto ele adentra o local com passos largos e decididos.


Ali dentro,Raymond  encontra alguns membros da sociedade secreta da qual  participa.Trocam cumprimentos com palavras e gestos característicos deles,e depois disso acompanham o o senador para os aposentos que servirão a ele para realizar os rituais já programados para aquela noite.


Essa construção na verdade é um dos templos utilizados pelos membros da sociedade secreta da qual o senador faz parte há muitos e muitos anos com a qual  fez o pacto que o tornou um deles.


O senador diz a um dos cavalheiros ali presentes: Quero privacidade absoluta e não devo ser interrompido de forma alguma! Tenho muitos  compromissos e deverei partir logo pela manhã.


Esse cavalheiro que parece ser o principal deles, faz um sinal com a cabeça e o acompanha em silêncio a uma sala imensa nos fundos do templo..Ali chegando, aperta a mão do senador com os olhos frios e lhe 
diz:Está tudo pronto para que possa iniciar.E o deixa ali sem mais nada dizer.


Esta sala do templo é impressionante pela riqueza e luxo dos seus materiais. O piso todo formado por estranhos desenhos e figuras, todo em mármore, as paredes recobertas de pinturas a óleo de figuras ilustres da época, aqui e ali bancadas com bacias de bronze, espadas, materiais variados para rituais, velas, preparados caprichosamente acondicionados em recipientes de vidro, estátuas de vários formatos e tamanhos em pedra esculpida e o teto cheio de pinturas representando diversos simbolos, pinturas todas 
elas a óleo e no meio da sala um imenso espaço vazio, onde o marmore faz um enorme desenho em círculo negro, imenso bem no centro da sala.


O senador coloca seus pertences em um divã, e se dirige a uma saleta contigua, onde troca suas roupas de viagem por roupas negras, colocando também em seu pescoço algo que se assemelha a uma estrela, e volta para a sala principal.


Ali, apanha um pedaço de giz e começa a traçar um circulo branco no marmore negro, com perfeita precisão, enquanto murmura palavras de ordem ritualistica. Após ter desenhado o circulo, ele apanha velas de varias cores,uma para cada finalidade e as acende dentro do círculo, ao seu redor, invocando os elementos que servem para aquele ritual.


Sua voz soa na sala de forma fria e autoritária, e  não há no senador nesse momento nem um fio sequer de emoção, a sua firmeza e rigidez facial é impressionante.Seus olhos parecem não ter vida mas estão negros como a sua vestimenta.Depois de ter acendido as velas, uma em cada posição nas laterais do círculo, se dirige a uma bancada e apanha uma bacia já preparada com sangue, e coloca a mesma no meio do circulo traçado.


 Aquela bacia, o senador já havia ordenado aos membros do templo que providenciassem o sangue que cedido por alguns discípulos do templo, que ali viviam e que colaboravam dessa forma em ocasiões que se faziam necessárias para os membros da sociedade.


Então, com voz potente o senador invoca o seu anjo negro guardião, e o faz conforme os rituais que aprendeu e que tinham sido perpetuados por gerações dessa mesma sociedade.


Apenas um minuto e se materializa ali uma figura de um homem de negro,que expoe sua malignidade no olhar, e se sente também um estranho cheiro no ar, desagradável,o ambiente todo se transforma como se ali houvessem densas trevas e esse guardião então diz ao senador: Diga o que deseja.


O senador se curva perante esse espectro e lhe diz: Desejo que escravize meu amigo Getúlio de forma a obedecer tudo que eu lhe mandar fazer, seja lá o que for. Desejo tambem que faça com que consiga convencer a Eleafar,fazendeiro vizinho de Getúlio,a vender sua fazenda para ele imediatamente, pois disponho pouco tempo para poder realizar meus planos. E por último desejo que faça com que se 
concretizem meus planos de fazer ali passar a ferrovia que é fundamental para o sucesso de minha próxima campanha política.


O guardião materializado solta uma risada sarcástica e prolongada e depois fica subitamente muito sério e diz ao senador: Raymond:.Esqueceste da parte mais importante do seu pedido meu caro!Sabe muito bem 
que nada faço a ninguém sem receber algo em troca! 


O senador Raymond não se intimida e lhe diz: Qual o preço exigido para que se cumpra minha vontade?


O espectro caminha de um lado para outro, enquanto pequenos espectros vem se juntar a ele,como se fossem um conselho.Confabulam entre si, e depois o homem de negro diz a Raymond: A alma de Getúlio levarei primeiro e a de Eleafar depois,assim que esteja assegurada a construção da ferrovia. De 
toda forma, eles já são meus mesmo!E de novo solta uma gargalhada sinistra.Além disso quero que me traga pelo menos mais cem discipulos e cinquenta discípulas, no prazo de um mês e prepare aqui neste mesmo local uma orgia com comidas e bebidas da melhor qualidade.Em três meses terás tudo o que desejas.


Raymond então lhe responde: Para mim está perfeito!


O guardião e Raymond selam assim o seu pacto maligno, e depois deixa o recinto da mesma forma que chegou, se desmaterializando... deixando no ambiente densas trevas.


Calmamente, o senador Raymond vai a saleta contígua, apanha seus pertences e vai para o quarto que fora previamente preparados para ele, e então se dirige ao banheiro e ali toma um banho relaxante enquanto 
fuma um charuto e sorri para si mesmo. Tudo está andando conforme o planejado e mais uma vez ele conseguirá o que quer....

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