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domingo, 30 de janeiro de 2011

CAPÍTULO 3 GETÚLIO 30/01/2011




                 A fazenda de Eleafar ficava muito bem localizada, em uma região maravilhosa, de clima firme, terra fértil e avermelhada, tão vermelha a terra, que os habitantes tomavam cuidado para não manchar roupas claras com essa terra, pois era difícil depois remover as manchas. Além das plantações, havia criação de gado e árvores frutíferas de todos os tipos e a casa da fazenda era ampla e confortável, uma construção muito sólida, avarandada e com cadeiras que a família costumava chamar de espreguiçadeiras e sendo a construção num dos lugares mais altos da fazenda, o panorama era lindo e Mary e seus irmãos costumavam ao entardecer sentar-se naquelas cadeiras, conversar, fazer tricô, crochê enquanto sua mãe Isabela preparava o jantar.
                Na região haviam muitas fazendas, pequenas e grandes, e tambem pequenos sitios, chácaras, e uma pequena cidadezinha que ficava a beira de um grande rio, que fazia divisa entre dois estados. Através deste rio, os habitantes recebiam mercadorias e tambem enviavam seus produtos agricolas, oriundos de suas plantaçoes e de suas criaçoes de gado e outros animais. Havia tambem algumas fazendas que criavam cavalos de raça belíssimos que eram conhecidos pelo mundo afora pela sua pureza de raça. E o rio servia de comunicação com um dos estados através de barcos que iam e vinham naquele porto beirando a cidade.
                Getúlio era proprietário de uma enorme fazenda na região. Poderoso e rico, era tambem muito temido por todos, pois possuía jagunços que costumavam andar armados de carabinas com jeito ameaçador e parecendo dispostos a tudo. Mas Getulio, tentava manter um bom relacionamento com todos da região, mas ninguém ignorava o seu caráter duvidoso, pois em várias ocasiões tinha mostrado suas garras nos negocios, se aproveitando da desgraça alheia para adquirir mais terras de gente que havia falido, e essa pratica era conhecido por todos. Uma de suas  características que a maioria detestava, mas suportava era sua forma sarcástica de falar com as pessoas. Getúlio era arrogante, mas na maioria das vezes se fingia de amável e fazia piadas, mas no meio das brincadeiras, muitas vezes se viam suas verdadeiras intenções. Contudo, justamente por causa desse caráter obscuro, a maioria dos fazendeiros e habitantes, evitavam muito contato com ele, apenas o necessário. Era conhecido tambem por pagar mal a seus empregados e explora-los ao máximo.
                  Naquela tarde Eleafar estava no armazém da cidade, e fora comprar sementes e outros produtos e utensilios que necessitava para a fazenda, enquanto Isabela e as filhas percorriam as olhas à procura de tecidos para confeccionar vestidos e calças e camisas para os irmãos.
                 Enquanto Eleafar estava ali no armazém, Getúlio entrou e o cumprimentou com um largo sorriso. E lhe disse: Caro Eleafar, como vai?
                 Eleafar, sempre sério e sisudo respondeu: Muito bem, obrigado.
                 Getúlio ignorou o jeito severo de Eleafar e prosseguiu: Tenho observado a sua fazenda que é uma das melhores e mais ricas da região. Mas você sabe, caro Eleafar que é hora de você enviar seus filhos à cidade grande, para que possam estudar e garantir o futuro....Então Eleafar, gostaria que você soubesse que tenho enorme interesse em adquirir a sua fazenda. E como você sabe, dinheiro não é problema para mim.
                 Eleafar, se colocou súbito em guarda, pois sabia que Getulio não faria semelhante comentário de brincadeira, mas respondeu tranquilo: Não tenho a menor intenção de vender a minha fazenda, Getulio.
                 Getúlio, então, soltou uma de suas desagradáveis risadas e disse: Bem...de uma forma ou de outra você sabe caro Eleafar que sempre consigo o que quero! Mas esteja ciente que te farei a melhor proposta da região.
                Eleafar, então, não se contendo lhe disse: Não tenho, como acabei de lhe dizer, a mínima intenção de vender minha fazenda, mas se tivesse que faze-lo, certamente não a venderia a você, Getulio.Passe bem.
                E se retirou rapidamente do armazém para evitar mais algum outro comentário.
                Mas enquanto caminhava para encontrar a esposa e as filhas, pensava consigo mesmo que teria que tomar precauçoes e cuidados de agora em diante, já que Getulio não era homem de brincadeiras. E decidiu que naquela noite iria conversar com sua esposa Isabela sobre todo o ocorrido.
A paz de Eleafar se fora, pois ele sentia uma ameaça no ar, o que ele não sabia é se essa se concretizaria, de que forma e quando.....

domingo, 23 de janeiro de 2011

CAPÍTULO 2 E A VIDA LHE SORRIA.... 23/01/2011









Eleafar e Isabela, os pais de Mary, eram pessoas muito diferentes uma da outra. Eleafar, autoritário, severo, semblante sério que as vezes dava até a impressão de estar sempre nervoso, lábios contraidos e olhar penetrante,quando começava a falar não admitia réplicas,alto,magro, cabelos negros, já com os primeiros fios brancos a despontar e pele clara mas bronzeada do sol da fazenda, um homem sem dúvida teimoso e decidido e com uma grande dose de arrogância e orgulho. Isabela, a mãe de Mary, uma linda mulher com enormes olhos verdes cor do mar, cabelos ondulados já esbranquiçados e sempre presos num coque no alto da cabeça, pele claríssima, nariz arrebitado e sorriso gentil, formas arredondadas mas sem exageros, e uma bondade estampada em sua face sofrida com os nervosismos de Eleafar que embora um bom marido, tinha um péssimo gênio e a maioria das vezes de mau humor. Já Isabela era muito carinhosa, gostava de beijar e acariciar os filhos, mesmo já adultos, ela sempre tentava reunir a família o mais possível, ensinando as filhas a bordar, costurar, cozinhar, enfim todas as tarefas que naquele tempo a mulher tinha que saber ela orientava, e aos filhos costumava conversar longas horas e aconselhar sobre seu futuro. Isabela era enérgica e bastante determinada apesar da saúde frágil. Depois de tantas horas de labuta diária, sentia dores nas pernas de onde já despontavam varizes que mais tarde se tornariam um grande problema em sua vida. Os irmãos de Mary, Bernardo, Domingos e Sebastian eram belos rapazes altos e fortes. E as irmãs, Doris e Manuela, lindas mulheres, que se davam maravilhosamente bem com Mary.
A fazenda, enorme, era motivo de orgulho para toda a família e motivo de cobiça para vários fazendeiros das redondezas. Mas Eleafar a comandava com mão forte e costumava dizer que somente com sua morte a tirariam dele. Isabela, Mary e os irmãos ficavam quietos diante do pai, já que com aquele gênio explosivo que ele tinha e autoritário, era arriscado se atrever a contraria-lo ou interromper a sua conversa quando estavam reunidos. Então, quando Eleafar estava falando todos se calavam e ouviam atentos e nem se mexiam, tal era o temor de que ele pudesse se aborrecer e então descontar em Isabela, que submissa fazia todas as vontades do marido.
Vivia dessa forma, Mary e sua família, trabalhando na fazenda, indo aos domingos para a igreja, local onde então se alegravam pois se encontravam com as moças de sua idade e muitas vezes iam a alguma outra fazenda para um churrasco com seus pais e irmãos, e então nesses dias havia um clima de férias, de festa, de alegria.As vezes na cidade próxima a fazenda promoviam festas com bailes e Mary gostava muito de dançar, era o momento de ela e suas irmãs usarem seus belos vestidos com amplas saias rodadas lacinhos e fitinhas e conhecer sempre de longe os rapazes da redondeza, a maioria também filhos de fazendeiros. Mary havia aprendido tanto a arte da costura que sabia até fazer lindos vestidos de noiva que copiava das revistas da época. Então, quando elas iam a estes lugares, bailes churrascos e festas, davam a impressão de serem quase como princezas, de tão lindas, com seus chapéus enfeitados com flores,seus vestidos de tecidos finos e em tons alegres e belos sapatos que usavam com meias finas e transparentes.
Naquele tempo, Mary se sentia realmente feliz....Sentia que a vida lhe sorria e que aquele tempo deveria durar e nunca mais se acabar....

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

CAPÍTULO 1 - MARY 20/01/2011



Mary era uma linda jovem. Cabelos ondulados castanho escuros, olhos castanhos, pele claríssima,fruto de sua descendência européia, corpo esguio, cintura fina, longas pernas muito bem torneadas e rosto oval, boca definida, nariz levemente arrebitado, sombrancelhas
espessas, semblante calmo de moça do campo,dentes muito brancos e um sorriso que resplandecia.
Ela tinha muitos sonhos, um deles ir para a cidade grande e como todas as moças da época, encontrar seu príncipe encantado.
Seu pai e sua mãe europeus, viviam relativamente bem naquela fazenda e ela tinha cinco irmãos, duas irmãs e três irmãos,sendo ela a do meio.
Ela e seus irmãos trabalhavam no campo e ela vivia com suas calças compridas e camisa quadriculada e um chapéu de palha para se proteger do sol.Mas tinha também lindos vestidos que ela e as irmãs faziam para ir a igreja aos domingos ou alguma festa junto com os país.
O pai de Mary, dizia que filha sua não deveria estudar, pois mulher não deveria saber muitas coisas além de cuidar de uma casa, lavar, passar cozinhar e ter filhos, então seu pai não queria que fossem a escola e Mary costumava estudar com amigas nas horas de folga às escondidas. Mas tinha de tomar todo o cuidado para seu pai não ve-la lendo algum livro, pois rapidamente tinha aprendido a ler e a escrever, ao contrário de outras moças de sua idade daquela época.
Naquela época mulheres que trabalhavam fora não eram bem vistas, então nem ela, nem sua mãe, nem suas irmãs trabalhavam fora. E o pai é que comandava tudo com mão de ferro e muita energia.

É assim que começa a nossa história.....